Existe uma região do cérebro denominada centro vasomotor localizado na
substância reticular do bulbo e no terço inferior da ponte que será responsável
por enviar impulsos descendentes pela medula, e daí por todas as fibras
vasoconstritoras simpáticas para todos ou quase todos os vasos sanguíneos do
corpo. Ao mesmo tempo em que está controlando o grau de constrição vascular, o
centro vasomotor também controla a atividade do coração. As porções laterais do
centro vasomotor transmitem impulsos excitatórios até o coração, pelas fibras
nervosas simpáticas, para aumentar a freqüência e contratilidade cardíacas,
enquanto a porção medial do centro vasomotor imediatamente justaposto ao núcleo motor dorsal do nervo vago
transmite impulsos para o coração, pelo nervo vago, para diminuir a freqüência
cardíaca.
Existem alguns mecanismos que são responsáveis por
controlar a pressão arterial via feedback negativo enviando sinais ao centros
nervosos. Sem
dúvida, o mais conhecido dos mecanismos para o controle da pressão arterial é o
reflexo barorreceptor. Basicamente, esse reflexo é desencadeado por
receptores de estiramento, denominados barorreceptores ou pressorreceptores,
que estão localizados na parede das grandes artérias sistêmicas. Uma elevação
da pressão distende os barorreceptores e faz com que eles transmitam sinais
para o sistema nervoso central, sendo, então, enviados sinais de feedback de
volta à circulação, pelo sistema nervoso autonômico, para reduzir a pressão ao
nível normal. Após os sinais dos barorreceptores
terem chegado ao feixe solitário do bulbo, sinais secundários inibem o
centro vasoconstritor do bulbo e excitam o centro vagal. Os efeitos
finais são (1) vasodilatação das veias e arteríolas por todo o sistema
circulatório periférico; e (2) diminuição da freqüência cardíaca e da força
de contração do coração. Por esta razão, a excitação dos
barorreceptores pela pressão nas artérias faz a pressão arterial cair reflexamente,
devido à diminuição tanto da resistência periférica como do débito cardíaco.
Inversamente, a pressão baixa tem efeitos opostos, fazendo a pressão se elevar
reflexamente ao nível normal.
A hipertensão
Arterial Sistêmica é uma doença que se caracteriza por níveis elevados de
pressão arterial, com a sistólica acima de 140 mmHg e a diastólica acima de 90
mmHg.
O maior problema
dessa doença é que manutenção em longo prazo de níveis altos de pressão
arterial irá levar a lesões em órgãos alvos como coração, rins, e cérebro. Os
fatores causais desta doença são diversos, mas já se sabe que na hipertensão
arterial, este mecanismo não funciona adequadamente. Diante deste problema é
evidenciado menor eficiência dos barorreceptores na regulação dos níveis de
pressão arterial, e este fator, que pode ser o principal causador de uma
variabilidade aumentada dos níveis de pressão arterial.
Desta maneira, o
treinamento físico praticado de forma crônica exerce importantes respostas no
balanço autonômico cardíaco e melhora do controle Barorreflexo da pressão
arterial, todas estas adaptações estão relacionadas com a diminuição da
atividade nervosa simpática e ao aumento do tônus vagal. Quando ocorre intervenção
com um período de treinamento físico é verificado melhora na aferência do nervo
depressor aórtico. Sendo assim, a maior complacência vascular observada, ou
seja, o remodelamento do vaso proporciona aos barorreceptores detectar as
oscilações dos níveis de pressão arterial para desencadear o ajuste adequado no
sistema cardiovascular. Além disso, o exercício físico tem apresentado
respostas benéficas no aumento da complacência arterial, principalmente nas
artérias aorta e carótidas, área especifica onde ficam alojados os
barorreceptores.
Aprofundando um pouco
mais sobre os efeitos Crônicos do exercício físico, neste caso vamos nos ater
ao Treinamento Aeróbico, diversas adaptações contribuirão para a melhora do
ambiente fisiológico reduzindo a pressão arterial. Dentre os mecanismos pelos
quais o exercício aeróbio pode reduzir a pressão arterial de forma crônica,
destacam-se a redução da Resistência Vascular Periférica e do débito cardíaco
em repouso por meio da redução da atividade simpática e o aumento da
sensibilidade dos pressorreceptores. O exercício aeróbio parece favorecer a
redução dos níveis plasmáticos das catecolaminas, interfere na função
endotelial, melhora tanto o estado hiperinsulinêmico, bem como o perfil
lipoprotéico, contribuindo para a perda de massa corporal.
È importante
ressaltar o papel do óxido nítrico (ON) no controle da pressão arterial. Esse
após o treinamento aeróbico terá sua produção aumentada, como já é comprovada
em diversos estudos com humanos e roedores. Sendo um potente vasodilatador, o
(ON) melhorará a função endotelial aumentando sua complacência e conseqüentemente
diminuindo a resistência vascular periférica, além de ocasionar um efeito
inibidor na atividade simpática contribuindo para um melhor funcionamento dos
pressorreceptores, reajustando-os para uma faixa menor, melhorando seu controle
sobre a pressão arterial.
O treinamento físico
seja ele feito por exercícios de força ou aeróbico contribuirão para a redução
da pressão arterial. Neste artigo falei um pouco sobre o treinamento aeróbico e
sua contribuição na melhora do quadro fisiológico, mas mais para frente
falaremos um pouco mais sobre os protocolos, as adaptações adquiridas com o
treinamento de força e a influencia destes em outros aspectos da Hipertensão Arterial
Sistêmica.
REFERÊNCIAS
1) Arthur C. Guyton, M.D. TRATADO DE
FISIOLOGIA MÉDICA – 9º edição - Guanabara Koogan
2) D. C. Cardozo, D. S. Destro, L.
C. Cardozo INFLUÊNCIA DO EXERCÍCIO
FÍSICO NO CONTROLE BARORREFLEXO NA HIPERTENSÃO ARTERIAL - Revista Brasileira de Prescrição e
Fisiologia do Exercício, v.6, n.34, p.342-348. 2012.
3)
F. L. Pontes Júnior, J. Prestes, R. D. Leite,
D. Rodriguez INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO AERÓBIO NOS MECANISMOS
FISIOPATOLÓGICOS DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA - Rev. Bras. Ciênc.
Esporte, v. 32, n. 2-4, p. 229-244. 2010
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